Sobre saúde mental quinta-feira, set 5 2019 

Eu sempre me gabei de nunca ter conseguido fazer parte essencial de um grupo, ou de nunca ter feito parte apenas de um. O que eu preferia era não ser limitada a isto ou aquilo. Na infância, poucos amigos. Na adolescência, artilharia para todos os cantos e jeitos e interesses. Na juventude, passei a me isolar — querendo e não querendo. Mal sabia eu que neste início da fase senhoril uma definição me faria falta.

Não me especializei; pulverizei meus saberes para todos os lados. Quando se é novo, é divertido. Mas os anos passam e não é possível boiar para sempre. Pelo menos não para mim.

Abandonei a minha formação principal, entre outros motivos, por ter surgido a oportunidade de fazer o que sempre fiz de certa forma, e segui no caminho. Mas ainda pulverizante — em cada cadastro, minha profissão mudava. E fui ser freelancer em casa. A princípio, por oportunidade de descansar do mundo corporativo. Depois, por dificuldade de me integrar novamente nele. E também ao meio social, pois, ao se trabalhar sozinho, se perde o aprendizado em grupo. Aí… bom. Foi coisa de anos para que eu me percebesse. E talvez agora eu realmente faça parte de um conjunto.

Depois de alguns vários percalços e tentativas frustradíssimas de “conserto”, chego ao agora, local no tempo e no espaço em que me encontro perdida. Mas pelo menos sei mesmo que estou. E sim, isto é um expurgo; uma outra tentativa que espero que funcione de forma terapêutica.

“Angústia. sf. 1. Ansiedade intensa; AFLIÇÃO; AGONIA; 2. Sofrimento; 3. Psiq. Medo sem causa identificada; 4. Estreiteza, aperto.”

É também ter mais medo de as coisas darem certo de que elas deem errado. É não apenas temer, mas esperar o imprevisto e, assim, paralisar as ações, sejam elas grandes, sejam elas corriqueiras – como uma simples ligação para uma operadora. É o não se expressar por medo de não ser compreendido, e se arrepender por fazê-lo. É o necessitar de atenção, mas não conseguir mostrar onde ou por quê. É se esquecer dos sonhos — se sequer os teve, e também se já os realizou. É se sentir só, mas não conseguir ficar com o outro. É um vazio cheio das coisas. É sentir que não fez absolutamente nada e desvalorizar aquilo que, com bastante esforço, foi feito. É estar sempre em fuga.

Pode-se dizer que este seja o mal de uma geração? Flocos de neve que precisam ser especiais a qualquer custo, senão se desfazem? Não desdigo. Mas certamente isso não deixa o assunto menos preocupante.

Esta não é uma exposição desnecessária de quem quer biscoito — é justamente esse tipo de pensamento que nos faz não perceber o estado real em que estamos e nos impede de buscar ajuda. E a empatia, também, que não é exatamente um sentimento de piedade perante outrem, mas uma espécie de compreensão da emoção do outro; é querer colocar-se no lugar do outro, respeitando a alteridade. Por um mundo mais empático, para mim e para você. Ninguém está sozinho; nem eu, nem você.

Filhos terça-feira, abr 28 2015 

Amo-os, sem sentimento de posse. Cada amor diferente. Dois me saíram, uma veio de rua, e o outro veio depois dela. Não possuo, não posso. E cada um conhece uma faceta minha que eu ainda desvendo. O primeiro, test drive, me conhece mais que acha, aposto. Leal, contido, parceiro. Toda a vez que nos encontramos, enveredamos pela treta culinária — não sei se ele imagina que eu REALMENTE AMO comer, mas está valendo. A segunda me veio com ciúmes. Tava tão indefesa, eu catei e depois ela veio cheia de ordens em mim. Acatei todas. O filho dela, o terceiro, deveria inclusive ser caso em faculdades de psicologia: tá pra nascer filhote tão complexado. A gente se ama, eu sei, mas ele me trata como carinhosadora. Como não amar? O quarto e último (espero) é um cara que não sabe esperar. Um cara que desde quinze dias de existência já se impôs e já disse a que veio: rock everybody’s world. O que fazer? Perco a paciência. Me arrependo. Dou beijinho. Esqueço as regras. Durmo no chão. Acordo três vezes por noite. Paro de dormir. Tomo mais café que água. Deixo de tomar banho. Trabalho de madrugada. Não almoço sempre. Não como aquilo que gosto. Deixo de acompanhar minhas séries. Meu tempo não existe. Minhas leituras que esperem. Meu futuro que aguente. Mas quando ele sorri, eu babo.

Protegido: dissertação completa — versão final mesmo domingo, set 28 2014 

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Protegido: dissertação final sábado, set 27 2014 

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Protegido: sexta-feira, set 26 2014 

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Protegido: quinta-feira, set 25 2014 

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Protegido: quinta-feira, set 25 2014 

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Aos meninos quinta-feira, jun 13 2013 

lu 037

Choro não é fraqueza. Agora, você ainda é um bebê, portanto, sua comunicação é basicamente assim. É fome, é cansaço, é sono… é dor. Você vai descobrir, mais tarde, que esta dor pode não ser apenas física, mas moral também. Às vezes, esta vai poder ser tão intensa no seu interior que te causará dor física, e, infelizmente, não vou poder fazer nada para evitá-la; você vai ter de passar por isso, mas espero estar ao seu lado quando e se você doer de amor, de indignação, de frustração… e de impotência — na minha opinião, a pior delas. Em contrapartida, você também descobrirá que também se chora de felicidade, de emoção, de alegria. E que talvez aquele mesmo amor que te doeu e causou lágrimas também seja capaz de deixar-lhe molhadamente feliz. Não, filho, choro não é fraqueza. E como você é menino, vão tentar te convencer do contrário, mas não se intimide. Apenas divida seu pranto com quem vale a pena. E nunca, nunca deixe de chorar.

Oi? quinta-feira, jun 21 2012 

Estamos sendo observados o tempo todo, óbvio, e o culto da celebridade, a necessidade de aparecer para alguém – nada que não já tivessem dito 30, 50 anos atrás – não nos ia deixar longe disso e tampouco nos proteger.

A minha questão é a de que, nos dias atuais, várias profissões sejam criadas a partir justamente deste novo nicho – ou seja, houve quem se autointitulasse um “analista de mídias sociais” antes de a profissão existir, claro. Ou seja, alguém teve que ter toda uma vivência, um background para criar esta profissão – baseado, claro, na necessidade do mercado. Mas coisa do lugar-certo-na-hora-certa. E, ainda assim, o mercado despreza o profissional.

Uso o meu exemplo. Sou formada em Letras. Sim, não fazia ideia do que fazer aos 16-17 anos e escolhi este curso achando que iria ser legendadora de filmes. Para tal propósito, matriculei-me em Tradução – curso que, no “frigir dos ovos” (quem estudou comigo vai entender a escolha da expressão), não foi o que eu terminei. Acabei, por fim, descobrindo que a Literatura gritava em mim, e que era isso que eu devia fazer – ou seja, foi pra isso que eu tive créditos para formar. Já que eu estudava numa universidade federal, muitas escolhas foram tolhidas e fiquei alheia a diversas disciplinas que eram não de meu interesse a princípio – mas que me comoveram. Enfrentei as licenciáveis. E me apaixonei. Passei anos em sala de aula – sem qualquer arrependimento, se é este o seu questionamento. Foram anos ótimos. Mas, ao migrar para São Paulo e ter condições péssimas de trabalho naquele ramo que eu julgava ser um dom, obliterei o que era bom a respeito do processo – para a minha pessoa, óbvio. E não consegui mais viver assim. E me meti num escritório. Horários, exploração, metas, “objetivos”. Ó-ká.

E descobri que talvez fosse essa a forma de poder fazer dos meus sonhos realidade, depois de um tempo, muito embora eu não saiba dizê-los de cor até hoje. E virei revisora propriamente dita, sem ao menos pedir por isso – apareceu, consigo fazer bem e etc.

No entremeio, encontrei um dom antigo: o da tradução. Muito tempo atrás, de forma a me incentivar, minha mãe constantemente me pedia traduções de soluções de videogames (a paixão dela – da hora), e eu construí um arcabouço interessante para trabalhar na área. Isso a partir dos 12-13 anos. Hoje eu tenho clientes que eu posso julgar fixos, que querem a tradução que eu faço. Sem programas,sem truques, sem terceirizações (só se não se tratar do español, ay).

E eis-me que hoje eu me encontro completamente perdida neste mercado de trabalho no qual as pessoas me perguntam o “signo”, “os gostos musicais”, “o último filme a que eu assisti”, entre outras coisas que, sinceramente, são bobagens, pelo menos no meu ponto de vista. Se você for de “áries”, você não vai me contratar porque eu sou de “câncer” e isso remete à unidade cósmica de que “fogo” e “água” não combinam? Ai, eu vou “apagar a sua fogueirinha”? Desculpe-me, eu devia ter feito uma busca por aí para saber qual ascendente eu podia ser seu. E ó, tamo junto. Só quero compatível, hein? Quiroga que me acalme.

Mas, sério, vou deixar de trabalhar contigo por ter nascido no dia 4, no dia 10, no dia 31, ou até mesmo porque gosto do Corinthians? E o que eu faço, você não quer saber? E a minha experiência, de quase, sei lá, 13 anos trabalhando com linguagem e afins? Acho que rola um “equivocamento”. Não vou ser o que você quer que eu seja para conseguir um emprego. Acredito – de verdade – que deveríamos ser igualitários.

Sem mais.

Nostalgia quarta-feira, abr 4 2012 

Sinto saudades. Saudades de quando os problemas pareciam muito menores, saudades do que eu poderia ter sido e não fui, saudades do que eu achei que eu seria. Saudades de quando as consequências não acarretavam maiores prejuízos. Enfim, saudades de quando dançar era tão natural que nunca se perdia o passo.

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